SÃO PAULO - O senador Joaquim Roriz (PMDB), flagrado em escutas telefônicas negociando com Tarcísio Franklim, ex-presidente do Banco Regional de Brasília (BRB), a partilha de R$ 2,2 milhões recebidos do empresário Nenê Constantino, teria usado o dinheiro para subornar dois juízes do Tribunal Regional Eleitoral (TER). De acordo com uma reportagem da revista “Veja”, o senador teria “comprado dois” para se livrar da cassação de seu mandato em 2006. A Redação do Último Segundo tentou entrar em contato com a assessoria de imprensa de Roriz, mas não obteve sucesso.
A reportagem da revista detalha que o suborno, no valor de R$ 1,2 milhões, beneficiou o senador em um caso de perda de mandato que foi julgado em 23 de outubro de 2006, mas começou no dia 19 de setembro, quando o Ministério Público o acusou de uso político da máquina pública do governo do Distrito Federal.
Na época, Roriz deixara o cargo de governador para concorrer ao Senado e a estatal de abastecimento de água, a Caesb, mudara em propagandas seu número de atendimento telefônico de 115 para 151 - número de Roriz nas urnas. O placar do julgamento no TRE estava em 3 a 2 contra o senador. Um juiz pediu vistas e, dias depois, quando a sessão foi retomada, votou a favor de Roriz, cravando um empate em 3 a 3.
Antes que o presidente do tribunal desse seu voto de Minerva, um dos juízes que votaram contra o senador subitamente mudou de idéia. Com isso, Roriz livrou-se da cassação por 4 a 2. A virada no placar teria custado pelo menos 1,2 milhão de reais.
A denúncia, segundo a própria revista, se baseia no relato de um político que priva da intimidade do senador, mas que preferiu não se identificar. A fonte teria cedido sua casa para um encontro entre Joaquim Roriz e seu suplente, o ex-deputado distrital Gim Argello, no começo de fevereiro passado. Nesta reunião, Roriz teria assumido que já “que o processo não ia dar em nada”, teve que “comprar dois [juízes, de acordo com o político anônimo]". Na última quinta-feira, o senador subiu à tribuna do Senado para se explicar sobre o empréstimo com Constantino. Segundo ele, parte do dinheiro foi usado para a compra de uma bezerra e a outra parte para ajudar um amigo doente. "Quem em sua vida nunca pediu um empréstimo a um amigo?", disse o senador na tribuna. "Será que um senador não poderia pedir um empréstimo a um amigo de longa data?", repetiu. "Imaginem se pedir dinheiro emprestado é falta de decoro. Meu Deus! A que ponto chegamos?". Roriz chegou a chorar em algumas partes de seu discurso
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